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  • Foto do escritor: Gabriel
    Gabriel
  • 6 de jun.
  • 5 min de leitura

Tive que fazer um jejum de 12 horas para uns exames de sangue. Easy, sem frescura, mas ando em dias que chegar em casa e comer/beber algo é quase um anestésico - e um misto de Jardim do Éden com missão cumprida. Tinha um exame de urina para fazer também, o que obriga o cara a andar até o laboratório com um potinho plástico repleto de xixi. Coisas.


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Tem poucas dicas no mundo de hoje que o cara pode dar sem aquele ar de quem está vaticinando algo e/ou querendo lograr em cima de alguma lição de moral mequetrefe disfarçada de conselho ou direcionamento coach, e uma delas é: ô, você. Mormente você, que já, passou dos 40: bora ver ao menos um médico(a) por ano que lhe passe uma requisição para uma bateria de examezinhos de sangue aí, ao menos aquelas seis ou quatorze coisas que é bom dar uma olhadinha e que têm ligação direta com nosso cotidiano e a vida da qual todo mundo reclama? Colesterol (o bom, o ruim, a média entre os dois - anos fazendo isso e nunca decoro qual é o quê), Glicose, Triglicerídeos. Vitaminas ("D" tá todo mundo em falta, relaxa). Homens: PSA e as paradas relativas à próstata, essas coisas. Umas horas programadas de jejum na semana, um potinho. É mais rápido que parece - e em alguns laboratórios ganha lanche depois.


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Hoje tinha lanche. Um bolo bem suave e molhadinho, que evocava algo como chocolate e passas ao rum. Tinha café em variações sortidas, mas daquelas máquinas horrorosas lá, então passei.


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Tinha que fazer - como usualmente é - o recolhimento do xixi na primeira vez em que se urina de manhã (desprezando o primeiro jato, higienizando a área, praxe). Mirando no potinho. O problema é que eu senti vontade cerca de uma hora antes, algo como 6h da manhã, e pulei da cama e fui reto para o banheiro. Daí pelas 7h e pouco não foi o primeiríssimo e talvez não tenha valor de análise tão útil. Fraudei o teste? Tipo Zendaya drogada na série? Tipo jogadores que tentam arranjar o xixi de outros no anti-dopping?


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Segundo o Google deveria haver uma carência de ao menos duas horas sem urinar. É. Fraude. Anula, pelo VAR.


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Não olhe o Google nem muito menos as perguntas e respostas sugeridas após a primeira pesquisa - que você não deveria ter feito - sobre exames e sintomas (isso é mais difícil do que 12 horas de jejum e caminhar 6 quadras segurando um saco plástico com o potinho do exame de urina. É uma tentação muito grande).


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A satisfação que dá quando o resultado dos exames é satisfatória é bastante inebriante para muita gente. Para mim é. É como o resultado de uma prova onde você foi muito bem. É uma boa notícia pela qual você torcia. Mas também é algo que gera um certo vazio dado que basicamente, é um laudo te dizendo que todos seus problemas seguem os mesmos em todos os outros setores da vida, e aquilo que era para estar normal está normal. Ou seja, a 'boa notícia' é que você não ganhou na loteria, mas, veja bem: não está devendo nada na praça, idem. Pode continuar, aí, seja lá o que você estava fazendo. Nos vemos em alguns meses - e dessa vez veja se urine conforme o procedimento, por obséquio.


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Queria mais daquele bolinho, mas para tomar com um café bom, tipo o passado em casa. Tinha paçoquinhas-rolha em um pote, também. Pensei em pegar uma para levar para casa. Admito: pensei em pegar algumas e por na mochila. Elas e um pacote de Club Social Integral dentre os vários disponíveis. Não o fiz. Peguei uma fatia do bolinho e mais um resto de fatia que sobrou de um corte a faca mal feito, o que computa algo como 1,3 fatias para mim. E deu. Não exageremos (Triglicerídeos, Glicose).


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É exatamente isso, no fim: ando tão, mas tão cheio de problemas relativos a prazos e a volume de trabalho que qualquer resultado alterado ou ruim de um exame de rotina seria um desastre. Estamos como no 'capitalismo': correndo pelo mínimo. Do tipo: ah, que bom, meus leucócitos e bastonetes estão na casa dos milhões usuais. Minha tireoide está ok. Agora é só se preocupar com as outras onze coisas que estão me afligindo do corpo para fora. Imagina se sai uma glicose errada, um colesterol (o ruim) alto? É mais um problema, isso? É sério, mesmo? Descobrir uma coisa séria em um exame que se presta a eventualmente descobrir coisas sérias? Era o que me faltava.


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Os exames laboratoriais hoje em dia facilitam muito a vida dos ansiosos porque costumam ser divulgados com índices bem didáticos onde aparece ali o que seria um padrão 'regular', um 'bom', um 'ótimo' e/ou o patamar onde há alguma coisa bem errada e o cara já pode acionar o serviço funerário de sua confiança. Na maioria da minha vida fui um aluno que se pode chamar de 'bom', com vários momentos-pico de algo como 'excelente', um grande lago de atuações 'na média' e algumas derrapagens que causaram acidentes grosseiros aqui e ali. Geralmente em relação às matérias que eu gostava, na escola, ou quando me direcionei para as áreas que eu queria atuar e pesquisar com mais afinco - da pós-graduação ao doutorado - posso sem modéstia dizer que fui positivamente fora da curva. Desde que completei 40 anos coloquei esse tipo de exame e consulta médica na rotina, tenho sido um CDF na maioria das 'disciplinas' dos exames. Sempre tomo pau na questão de algumas vitaminas que estão abaixo (mas que não são aquelas que ocasionam nada de muito grave), mas geralmente tiro 'notas altas'. É bacana acompanhar e ver seus índices não apenas na faixa do normal/esperado como dentro ou bem próximos das marcações do que seria formidável. O dia de receber os resultados geral alguns minutos de conferência que são bem excitantes.


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Tenho que encarar, as usual, cerca de 5 horas de estrada ainda hoje. E tenho coisas para fazer, dessas que não param para me aplaudir se meu colesterol e minha glicose estiverem em níveis supimpa. E do tipo que seguem ali enquanto eu escrevo sobre minha manhã, em blog.


Tipo aquela frase atribuída ao John Lennon sobre a vida ser o que acontece quando você faz outros planos. Os problemas seguem ali enquanto meu sangue em tubinhos periga atestar que nesse campo está tudo tranquilo.


PS: nem me invente de.


UM FILME: eu não gostei muito de "Pecadores", de Ryan Coogler. As pessoas elogiando demais, e comparações com "Um drink no inferno" pareciam ser fruto de falta de imaginação colonizada do 'cinéfilo' que não sabe nada muito além de "Tarantino" e coisas assim. Adivinhe: achei a comparação não só válida como o filme (com Tarantino na equipe, mas de Robert Rodriguez) bem mais divertido. A questão do blues sulista e do protagonismo negro se dilui em um roteiro fraco e um miolo de "ação" meio sonífero. Há momentos bons. A cena pós-créditos (não está aqui quem deu o spoiler: com Buddy Guy) eu sinceramente achei melhor que todo o filme.


UM DISCO: e essa banda Turnstile que até anteontem eu nem sabia o que era e já considero muito e mal e mal saiu esse disco novo "Never Enough" e eu escuto toda hora, hein, hein?


UM LIVRO: já que não me agradei muito de "Pecadores" - e que você talvez tenha entrado no hype - vou recordar aqui de uma obra muitíssimo interessante que procura dissecar a representatividade negra e sua simbologia (e sua visão "padrão") nos filmes de terror, chamada "Horror Noire", de Robin R. M. Coleman. Do já manjado personagem de "A noite dos mortos vivos" passando por insights sobre várias experiências e referenciais, o ensaio/pesquisa é um barato e discute questão racial de uma forma pouco usual (mas poderosa) em seu ineditismo.


  • Foto do escritor: Gabriel
    Gabriel
  • 30 de mai.
  • 11 min de leitura


A gente não é mais o mesmo que se banhou no rio, o rio já correu além do que era quando a gente botou o pezinho, aquela coisa, você sabe.


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Certamente já lhe ocorreu: pensar com um certo cagaço, uma certa paúra, um tremelico que gela só de imaginar, a respeito de algum acontecimento da vida que poderia tomar um rumo completamente diferente não fosse uma pequena lasquinha de tijolo de como a realidade se construiu. Uma frase dita de outro jeito, um tomar de trajeto diferenciado, um encontro no parque ou no bar que você foi/não foi. "Cinco Minutos" de José de Alencar (odeio José de Alencar). Uma mensagem que foi respondida - outra que não. Uma oferta aceita, uma oferta que sequer se fez. O apego afetivo por algumas coisas específicas - e traços de personalidade - deixam algumas pessoas sensíveis e medrosas quanto à possessividade meio maluca em relação ao que elas já possuem, e não basta lamentar perdas, é preciso sofrer por mundos alternativos onde a felicidade que chegou, na prática, teria escapado. É como não se achar merecedor em tal grau que você não apenas especula, mas chega a trabalhar, literalmente, com uma espécie de chamada extra onde o tempo vai se quebrar e algo será como que revogado.


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O Ministério da Saúde Adverte:


  1. (não há que se reclamar de 'spoilers' nesse texto, dado que é um conceito meio esvaziado frente a uma série de 1990, um de 1984 - e uma temporada que foi ao ar na década passada. Além de um outro que ninguém viu nem quererá ver)

  2. (em outro texto, quando da morte de Lynch nesse verão, comentei sobre o triste mundo onde a arte - e porque não, a ideologia - estão formatadas para a obtenção de respostas simples e 'finais' tranquilizantes. Esse aqui pode ser um adendo, um bônus ou um complemento. Quase um conteúdo extra para assinantes - ou pacote de expansão para clientes registrados. Talvez aquele te interesse também).


Se persistirem os sintomas um médico deverá ser consultado


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Certa vez tive uma discussão inútil com meu primo (do tipo de discussão que, quanto mais 'inútil', mais acalorada e mais ares de debate nas manifestações orais na Tribuna do Júri acarreta). Ele basicamente não compreendia o famoso 'paradoxo do tempo' instaurado a partir de "O Exterminador do Futuro" (1984) que com alguma certeza é algo do que você já ouviu falar.


Vejamos: no futuro, um líder rebelde comanda a resistência humana contra as máquinas que dominaram o mundo ao adquirir graus perigosos de auto ingerência e inteligência própria (calma, por hora elas inventam datas de lançamentos de discos, parágrafos com dados biográficos que não fazem sentido e verbetes legais incorretos. Mas daí para inventar princípios ativos de remédios e protocolo de lançamento de mísseis, é um pulo, fato). Munidos de uma tecnologia que em nosso tempo ainda não existe, os habitantes do futuro (no caso as máquinas) enviam um robô-exterminador (Schwarznegger em uma atuação sublime) para matar Sarah Connor (Linda Hamilton), a mãe do herói John Connor, antes de seu nascimento. Maior conceito de mal pela raiz, nunca houve. A resistência humana também envia ao passado um agente (Kyle Reese, vivido por Michael Biehn) que, se espera, proteja Sarah e garanta que seja possível o nascimento de John em algum momento desse século, imaginando assim 'garantir' a linha do tempo.


As coisas se desenrolam de modo que Sarah e Kyle em meio à loucura da fuga do androide assassino imparável que dá nome ao filme, têm um momento de envolvimento romântico e, bem: Sarah, ali, engravida de um bebê que será, ora vejam, John, em um futuro próximo.


Há uma desnecessária e acalorada diatribe a partir daí, onde, para alguns, "não seria possível" pensar em uma hipótese tal dado que (em linhas gerais) haveria de ter algum momento onde um John Connor "nasceu", cresceu e foi um líder revolucionário que carecia de ser protegido por um agente viajante no tempo, o que não poderia ter sido ocasionado por uma relação sexual que esse próprio agente praticou na ocasião, com sua mãe.


Um detalhe bem simples perturba a racionalidade linear de quem usa esse argumento: uma vez que alguém foi para o passado em viagem e alterou fatos lá, não pode mais haver não só futuro idêntico, como não importa mais qualquer linha temporal eventual. A partir do momento em que Kyle e Sarah transaram e Sarah engravidou, não existe mais o futuro em que isso não aconteceu, não há mais passado inerte que redundou (de alguma outra maneira) no nascimento de John e tudo, para frente e para trás está alterado em um binômio necessário. A partir do momento em que Kyle foi ao passado e causou consequências, não há mais a linha 'original' do tempo. Ou melhor: ela não há que ser considerada.


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Uma boa exemplificação (e um tanto pueril) para isso está em uma película que definitivamente ninguém assistiu fora uns 34 coitados (eu fui o coitado número 28), que é o infeliz filme solo do Flash - um dos últimos respiros de uma tentativa de universo da DC Comics nas telas, cujo mote de apelo eram também viagens no tempo e a possibilidade de, em uma realidade alternativa, vermos novamente o adorado Batman vivido por Michael Keaton em sua versão do filme respectivo de 1989 (foi por isso que assisti o filme, não sei quanto aos outros 33 coitados).


Em uma conversa após um encontro inusitado com um Bruce Wayne já aposentado (e uma versão divertida de Michael Keaton para o que é um herói em retiro e um bilionário excêntrico) esse explica a Barry (o Flash) com um punhado de espaguetes secos jogados sobre uma mesa, como varetas, que mudar a direção do que seria a ponta do 'futuro' de uma das 'linhas' faz alterar a direção da linha reta do passado, da mesma maneira. A linha inteira, torta para o lado, muda (e a luta do Flash, na história, é para 'consertar' uma realidade onde sua mãe foi morta por um assassino criminoso e seu pai termina acusado injustamente por não ter prova de seu álibi). O filme (largamente baseado em um interessante arco dos quadrinhos chamado Flashpoint) faz o herói pelas tantas se encontrar com um antagonista misterioso, que em realidade é uma própria versão sua perdido entre as linhas temporais sem aceitar que não consegue rearranjar com perfeição todas as arestas da intervenção temporal a fim de que tudo termine bem.


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O lançar mão de trunfos místicos ou metafísicos tal viagens temporais geralmente é usado em histórias de fantasia como uma espécie de alívio ou forma apelativa de reorganizar coisas e mesmo de tranquilizar o público quanto a suposta reversibilidade de tragédias (o primeiro Superman, em 1978, Christopher Reeve, voando ao redor da terra em contra-rotação para fazê-la girar ao contrário e assim voltar ao dia seguinte - ? - para evitar a morte da amada Lois Lane). Deveria, ele também, sempre passar por uma filtragem agridoce que atenta para o fato de que essa possibilidade deveria ser tudo, menos uma espécie de formatação tranquila do estado de coisas que se arranjará de modo equânime.


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Nunca havia reassistido a 3a temporada - "The Return" - de Twin Peaks depois de quando ela foi exibida (no Brasil, semanalmente pela Netflix em 2017). Ao contrário de absolutamente todo e qualquer material relativo a Twin Peaks (mormente duas temporadas oficiais, um filme/prequel e um outro filme, com uma montagem das cenas excluídas do primeiro, que surpreendentemente - ou não... - comporta quase o mesmo tempo de duração), que eu já vi e revi de forma gloriosa, obsessiva e analítica, muito mais do que duas vezes, a 3a temporada havia sido sorvida por mim com avidez apenas ao vivo e in loco quando foi exibida.


Como homenagem à passagem de David Lynch - meu cineasta favorito, como já expus diversas vezes e quem me conhece tem por dado óbvio - decidi que iria dar chances esparsas ao longo do ano para reassistir obras dele que não comumente revisito (talvez esteja na hora de encarar novamente a paranoia interminável de "Inland Empire" - aquele blue ray está ali, me olhando) e um trajeto nada simples (18 episódios de uma hora cada) poderia ser iniciar justamente pela única de suas realizações que eu só havia visto uma vez.


Recordava de várias incongruências (como alguns efeitos visuais de soluções digitais bastante cafonas) e de uma expansão da já confusa mitologia de Twin Peaks ao nível do enervante (realmente, é), mas mesmo dentre as genialidades também evidentes, não lembrava de o quão pertinentemente corajosa foi a opção de Lynch (e Mark Frost) em - na bola mais fácil de todos os tempos, no maior mamão com açúcar da cultura pop - poder entregar um punhado inebriante de nostalgias fáceis para um público sedento por complementos-cult, vinte e cinto anos depois do encerramento abrupto da série original, e: nada feito.


O que nos ofereceram foi basicamente outra série. Um desenvolvimento absolutamente errático que foge, inclusive, do tom mais adoravelmente bizarro que fez Twin Peaks ser esse objeto avassalador de carinho por gente do mundo inteiro: sai a Twin Peaks provinciana que parece uma cidade de brinquedo à luz do dia (mas que esconde intrigas, crimes, traições, mentiras, portais sobrenaturais e experimentos secretos do governo, na penumbra) e entram plots sinistros que envolvem Las Vegas, Nova Iorque, um sem número de cidades outras (além de espaços confinados entre planos reais e paranormais que tem entradas e saídas múltiplas, ampliando - e embaralhando - noções que já não eram fáceis).


Apreciei novamente cada cadência de ritmo ao nível do quase constrangedor que ele dá a algumas cenas, num contraste impactante com a aceleração e o frenesi que passou a fazer parte não apenas de nossa cultura nos produtos consumidos, mas de nossa própria perdição em um mar de desatenção e perda de prumo, dada a oferta incontável e ininterrupta de estímulos por veículos e aparelhos de todos os lados. Se havia uma ironia na série original, quanto a isso (a inesquecível cena de um atendente do hotel vagando com lentidão para tomar alguma providência quando um hóspede está baleado em sua frente), agora a aposta é dobrada visivelmente de propósito, como quem nos obriga a ficar de castigo (como nos muitos silêncios entre as conversas desconfortáveis do trio de agentes do FBI - onde o próprio Lynch retoma seu personagem criado como se quisesse não só agir nos bastidores, mas participar da festa - ou na já famosa sequência de vários minutos onde um empregado varre o chão de uma boate, e só).


Não tenho pretensão nenhuma de discorrer sobre a forma que Twin Peaks fora fechada, antes, supostamente, e, agora, mais do que nunca definitivamente (pela ausência da mente criadora maior). Mas cabe dizer que por justamente amar o diretor e do universo da série, uma conclusão absolutamente impensável, linda, até certo ponto, e com um cheirinho de pavor por vir, a partir de outro, no penúltimo episódio da série, para nos jogar num prenúncio de suposto (novo) mistério e um (novo) pesadelo, no último, é bem menos cruel do que parecia à primeira vista com uma base de fãs tão devota e com um cânone televisivo tão forte.


Foi quase como um recado sobre o inexorável movimento das coisas.


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Twin Peaks, que anestesia tanta gente em sua nostalgia cool e carrega um punhado nada desprezível de maluquices e perguntas não bem respondidas comparece no século XXI para uma espécie de anti revival e anti final que ajuda a reconfigurar o próprio termo 'anticlímax': a verdade é que a maioria das coisas é de fato respondida, ainda que em um sentido oposto a uma ideia pueril de uma série ressurgir como uma espécie de glossário de si mesma. É incrível a responsabilidade dos realizadores com o próprio tamanho do que Twin Peaks significa (não só para a base de fãs, mas para a televisão como um todo e o próprio formato de expressão audiovisual, sem qualquer exagero): não haveria outro caminho se não explicar os 'mistérios' em sua linguagem própria, em seu léxico ele mesmo misterioso, onde imagens e representações que não cabem em definições simplistas são elas os próprios sinais e significantes para outras como quem manda às favas a comunicação telegráfica e usa o mundo, os símbolos, e ilustrações que bem entende (ainda que quase tudo seja físico e representado à moda dura - a 'loja de conveniência acima do posto', os 'lenhadores', o personagem de David Bowie que virou uma espécie de 'chaleira que fala', o 'black lodge' e os outros planos astrais tal lugares com textura e até mobília e cores específicas - e pouco, incrivelmente sobre para luzinhas, coisas exclusivamente explicadas por diálogos em off e vibes).


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Pela segunda vez na vida em mais uma noite fria num espaço de 8 anos (e '8' é um número significativo no final da série e sua grafia que, apresentada de outra forma simboliza a elipse do infinito, tal e qual nos disse o David Bowie chaleira), eu fiquei novamente extasiado, palpitante, choroso e comovido com o fato de que, enfim, o Agente Dale Cooper dá às costas para o punhado de pessoas mais importante da sua vida para conscientemente transitar na linha do tempo (e talvez abrir mão, assim, de todas elas) e retroagir ao momento-chave que acabou o levando, certa vez, o àquela cidadezinha de fronteira com o Canadá e ocasionar o que nem o mais infantilmente nostálgico fã pensaria possível: impedir a morte de Laura Palmer e fazer, talvez, a série e todo o seu enredo, engolir a si mesmo em um vórtice de desnecessidade. E, mais uma vez, nas mesmas condições fui recordado por David Lynch da maneira mais agressiva de que estamos dentro da mente dele. Ok, Cooper. Você venceu essa. Mas temos outro level. Thank you Mario, but our princes is in another castle.


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Do mesmo modo, também, eu (e basicamente todos os fãs da série que naquela noite de 2017 demos neuroticamente play no último episódio logo em sequência) ficamos desesperados pois depois de tudo aquilo, o que sobraria para o grand finale? O que aconteceu? Já não é suficiente ele basicamente anular a série toda e todos os eventos de sua vida que nos cativaram tanto e abrir mão de tudo para impedir que Laura chegasse ao fatídico chalé secreto e se envolvesse na orgia que culminaria em sua morte? O que mais está reservado para esse desgraçado?


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O grand finale, mais do que da série, da carreira de Lynch, voltando à grande história que marcou toda sua vida (em uma ironia suprema com retornos, igualmente para vários atores e atrizes envolvidos) e contribuição de um cineasta que sempre trabalhou o sombrio, o incômodo e o aterrador de forma peculiar, foi uma agulha fincada justamente em um dos maiores medos de todos nós: o passado foi mexido. E se perdeu. Em um outro universo uma pessoa chamada "Richard" procura e encontra uma Laura Palmer que não tem qualquer ligação com Twin Peaks, WA, que sequer se chama Laura e que em nada reconhece conscientemente sua antiga casa (ainda que haja uma piscadela final de que algo está errado, para ambos lados, como um cubo mágico quase ajustado). Uma pessoa que sequer sabe em que ano vive. Uma pessoa que pouco a pouco toma consciência de que está em um outro mundo, em uma outra realidade, em que absolutamente nada do que conhecia e mais estima tem sentido ou sequer existe. Uma escolha foi feita, as consequências vieram. Queria o que?


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No dia seguinte àquela noite que foi consequentemente mal dormida - sou esse nível de fã - um amigo via comentário no Facebook tentou me tranquilizar sugerindo que a série indicava que mais ou menos sempre haveria um Agente Cooper com a missão de sempre salvar uma Laura. Mas o verdadeiro recado - para além desse tom de fábula caramelizada - é mais real. Mais cruel, mais frio, mas mais real.


UM DISCO: esse final de semana a turnê de despedida (após 40 anos) do Sepultura passa por Porto Alegre e eu orgulhosamente vou prestigiar. Impossível escapar à nostalgia e não indicar "Arise" (1991), meu disco preferido deles onde algo entre o punk mais elaborado e o heavy metal mais tosco formam uma mistura explosiva e insuperável no gênero.

UM FILME: demorei para ver "A garota da agulha" dados relatos de que seria uma experiência grotesca e de baixíssimo astral. Na verdade, o enredo é sim uma pancada na pleura e fede total a bad vibes, mas: que filmaço. Eu esperava 'gore' e recebi outro tipo de prova de um mundo horrível.

UM LIVRO: eu já disse que odeio José de Alencar e aquela geração de romancistas brasileiros, não? Bem, Mia Couto está no Brasil e, assim como o Sepultura, em Porto Alegre esse final de semana. Vá de "Venenos de Deus, Remédios do Diabo". Vá de qualquer coisa dele, aliás. É uma aposta que paga baixíssimo, eis que é batata.






  • Foto do escritor: Gabriel
    Gabriel
  • 23 de mai.
  • 9 min de leitura


Algumas pessoas já me perguntaram porque não são habilitados comentários aqui (de forma subjacente à pergunta de porque eu não aderi inicialmente ao substack para escrever nesse formato). Acho que isso é uma resposta inicial. Aqui vai.


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Dia desses, o Pink Floyd divulgou no Spotify uma versão nova e remasterizada e sonora do seu famoso filme/exibição "Live At Pompeii", um show que guardo com muito carinho na retina (via TV, feliz ou infelizmente) eis que ganhei o DVD de aniversário de uns camaradas certa vez, e, se pode dizer, é uma das experiências mais catárticas que é possível ter em termos de um concerto de rock.


Mesmo com todos os fatores relativos à qualidade sonora (a banda estava em seu auge técnico, e fundamental para a consolidação do seu estilo definitivo, e estava - aparecem imagens disso - em meio às gravações do seu mais icônico trabalho, "Dark Side of The Moon", ainda que para o meu gosto nada se compare ao "Wish you were here"), às performances (todos integrantes vivem momentos de destaque individual esplendoroso em algum momento da película) e ao próprio visual da banda (setentismo em seu ápice maior) e ainda à fotografia (a montagem e o enquadramento são igualmente de se aplaudir de joelhos - misture os brocados), não há como negar que o charme maior da apresentação se dá por um inusitado e insólito direcionamento criativo: ela é 'para ninguém'.


É basicamente um show do Pink Floyd filmado em sua carcaça, com fios, aparelhagem e técnicos de som à mostra, enquanto os integrantes no centro de um anfiteatro etrusco nas ruínas da Pompéia antiga se exibem para um total de zero espectadores. Os entrecortes de imagem com peças arqueológicas do local onde o Vesúvio e suas lava fizeram dar ruim para a população local em 79 d.C. são presentes freak e espontâneos em meio aos solos e às longas tomadas de digressões que músicas que parecem pastosas e intermináveis ao estilo que consagrou o quarteto.


É tanto travessura estilística quanto prova dos nove: uma banda tocando em um cenário aterrorizante (sob vários aspectos), tétrico (há pessoas endurecidas em rocha na posição em que estavam na época que as cinzas varreram tudo, por deus) e inebriante, sem qualquer interferência ou arroubo de plateia, e sem necessariamente compromissos típicos de festivais e logística atinente. Parece um ensaio esquisito - embora o ensaio mais intenso da história da banda. É um show para todos, e para nenhum. É para eles mesmos em um dado momento. A tomada de "Echoes" que vai descendo lentamente sobre o local como se estivéssemos na garupa de deus que flutua para ver que diabo está acontecendo naquele pedacinho estranho da pálida esfera azul é arrepiante.


É como naquele filme menor e menos incensado (eu, a contrário senso, acho magnífico) dos irmãos Cohen, "Queime depois de ler", onde um pequeno trecho de vida compartilhada por acasos bizarros entre um bando de pessoas comuns e um tanto medíocres é visto (em uma piscadela ao espectador) se encerrando com uma tomada aérea que parece sugerir que alguma divindade majestosa dedicou algum tempo de sobra para observar meia dúzia de pessoas tal e qual uma fazendinha de formigas em um recipiente de vidro. A ausência de espectadores em Pompéia naquele dia (ou a presença macabra dos espíritos do local a partir de estátuas sisudas filmadas com constância) sugere algum tipo de vigília ou espionagem, em um modelo diferente de se sorver um espetáculo de música - ainda que, despido de apoteose típica de fã, se pode dizer que é uma bela sacada de um vídeo promocional de orçamento paquidérmico, e só.


Dizer que o Pink Floyd fez seu maior show "para ninguém" é igualmente um cinismo e um maniqueísmo típicos de quem quer favorecer a banda. É uma peça artística altamente perfeccionista, editada, e dirigida - o contrário da verve atraente de um show, onde as pequenas diferenças e fatores inesperados compõe a unicidade. Foi um show "para ninguém", mas pensado em ser um produto para todos.


Essa é uma imagem interessante: em seu show mais ousado e elogiado comercialmente como um produto, o Pink Floyd não estava 'conversando' com ninguém, senão que promovendo um exercício de exibicionismo unilateral que é um tanto narcisista, mas inegavelmente uma puta de uma ideia que permitiu, inclusive, sua execução brilhante.


Algo que guarda uma estranha similitude com o fato de que Lady Gaga fez um espetáculo para algo como um milhão e seiscentas mil pessoas, superando (supostamente) o público de um milhão estimado que Madonna ano passado e Rolling Stones (há algo como vinte anos atrás) tinham colocado na mesma faixa de areia que engloba a orla toda de um bairro e um tantinho de outro na Cidade Maravilhosa. Sem querer quebrar qualquer clima e maltratar a excitação dos presentes que viram um tremendo statement visual (pude assistir pela TV e foi grandioso, de fato), alguma coisa se conecta no instante em que - descontado o momento sublime em que Gaga foi dançar junto à grade e interagiu diretamente com o público - o fato de ser o maior show em termos de público de sua carreira (da história?) não muda muita coisa no sentido de alguns elementos pensados em detalhes que não fariam a menor diferença para a pessoa que esperou 14 horas na distância da altura do Morro do Leme. A vibração responsiva de tanta gente certamente impacta a artista (vídeos do público fazendo coro e da impressionante trovoada dos leques são lindos), mas mesmo diante de quase quatro milhões de olhos in loco, vê-se que o show foi pensado para ser o mesmo produto que ela vai apresentar em um estádio ou casa de concertos com uma proporção de 20 vezes menos público. É o show que ela apresentará na temporada, cronometrado de mesmo modo, inclusive. Foi "para ninguém" também, de certa forma. Alguns gritos de "Brasil" e acenos visando os telões espalhados na praia (Gaga é conhecida por ser simpática) não mudam isso.


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DIGRESSÃO


Eu estava no show dos Rolling Stones em questão (e sempre conto que cogitei não ir - embora estivesse hospedado a uma distância agradável para andar a pé até o evento - dado que fui num ensaio da bateria da Mangueira na noite anterior e bebi com uns camaradas algo como umas 45 latinhas de cerveja e o resultado desastroso na manhã seguinte só não me demoveu porque pensei comigo "Keith Richards acorda desse jeito há uns 42 anos e não posso eu fazer feio justamente hoje"). Não havia o know how técnico de agora (visível deslumbre - e não li nem escutei nada sobre problemas de aparelhagem), o que configurou uma coisa meio tenebrosa de que houve partes e momentos das músicas em que o vento e a baixa propagação causavam a impressão que alguém deu 'mute' nos telões (os únicos lugares de onde um sujeito como eu enxergava os rebolados frenéticos de Mick Jagger, e isso que estava relativamente perto do Copa, da passarela transparente de onde eles desfilaram do hotel para o equipamento monumental instalado na praia e do palco, na faixa mais vantajosa possível para alguém que não era Vip).


Em dado momento decidi que a noção protocolar de que eu estava no Rio enquanto os Rolling Stones faziam, o, à época, maior concerto de rock de sua (e de toda ) história, e de que efetivamente compareci ao show, estava satisfeita, e diante do fato de que não conseguia, tristemente, ver nem escutar quase nada, fui embora. Um amigo que viu de alguma zona de privilegiados com contatos que o permitiu ficar junto ao palco relatou uma experiência divina. Quem viu na TV idem. Tragédias da carne, ossos do ofício da empiria.


/FIM DA DIGRESSÃO


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Uma viagem de ônibus na BR-386, como sói - e já me lamuriei tanto sobre isso que nem vale reprise, mas aqui há um bom starter pack sobre a minha maldição, para quem tiver interesse - uma leitura recém terminada na mochila, um fone de ouvido ressoando o play que acabara de dar no celular, via bluetooth, em um dos meus podcasts prediletos, o Pouco Pixel.


Nele, Adriano e Danilo, pelas tantas, na seção do programa conhecida como "Debate de Bolso" (que virará podcast independente ainda nesse semestre), trazem temas cotidianos para uma espécie de brainstorm em formato miniatura sobre assuntos variados, e o desgosto com as redes sociais era o mote da conversa de então.


Um interessante insight se deu no instante em que ambos comentaram que uma visita ao scroll do Instagram revela, hoje em dia, pouquíssima vontade de interação efetiva entre as pessoas, mas - e aí vem o que instigou minha reflexão - uma ânsia perene por tentar hackear a própria interação possível na plataforma.


Pensemos nisso: com quem estamos realmente falando em termos de postagens nas redes? A quem estamos de fato lendo/escutando?


O festival de pessoas que replicam espécies estranhas de meta-comentários que são na verdade propagandas (ostensivas e/ou mesmo veladas) para suas próprias produções ou interesses é impressionante. As tentativas cada vez mais apelativas e desesperadas de capturar atenção em poucos segundos como se a profecia de Warhol sobre todo mundo ter algo como um inevitável direito a "15 minutos de fama" se inverteu em uma espécie de corrida desenfreada onde todos aproveitam 15 segundos de oportunidade para tentar fazer você engajado por mais nove ou seis.


Quando criança, achava engraçadíssima a sucessão de freaks do horário eleitoral da campanha presidencial de 1989: entre pesos pesados da história política brasileira medindo forças (como Lula, Brizola e Ulysses Guimarães), havia o infame "Zamir" (que pedias votos "do Acre à Santa Catarina" - pelo visto o dos meus pais em Porto Alegre ele dispensava), o surreal "Marronzinho" (que volta e meia aparecia sem áudio, em uma alusão a estar sendo perseguido e calado), Fernando Gabeira (à época maconheiro e militante do Partido Verde, com peças publicitárias, digamos, exóticas), Ronaldo Caiado (ele mesmo, posando em um cavalo branco como um herói de conto de fadas), entre tantos. Mas o que notoriamente mais marcou o momento, da campanha, ao menos, foi o bizarro cidadão de matriz ultra conservadora e tom apocalíptico na fala que parecia ser saído de algum programa militarista iraniano durante a Guerra Fria, que, pelo tamanho minúsculo da agremiação partidária, ficava apenas com o tempo televisivo default e, assim, sem qualquer estrutura ou margem para desenvolver absolutamente nada em termos de proposta ou apresentação, cuspia palavras em velocidade alucinante no período de quinze segundos para encerrar, enfático, com o bordão "meu nome é Enéas!". Em termos, funcionou.


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O fato é que a experiência de uma 'rede' no sentido que todos imaginamos desde que a proposta foi uma captura gulosa de nossa atenção e de nossas práticas, deu errado. A fagocitose típica que é visível que a entrada desse fator em nosso cotidiano iria provocar (embora talvez não imaginássemos o quão baixo chegaríamos para fugir de confronto com nossas opiniões e crenças passíveis de contradita) chegou em seu cume. É uma brincadeira de ovo e galinha (embora todos saibamos que, a respeito da metáfora original, primeiro veio o ovo): estamos absolutamente talhados para querer "sucesso", "aplausos" e vieses de confirmação, na mesma medida em que os algoritmos estão cada vez mais craques em nos franquear possibilidades disso mesmo. E vai e vem, como a elipse que de forma certeira costuma simbolizar o infinito.


As tentativas de ownar ou de hackear a rede têm lugar especial aqui: somos menos empreendedores de nós mesmos do que anunciantes desesperados de panelas que não grudam, facas que coram cabos de cobre e estimuladores abdominais para ganhar tanquinho sem fazer esforço. Somos vendedores de enciclopédias de porta em porta, missionários pedindo doações, malabaristas de sinal. As pessoas estão aflitas por abocanhar um mínimo de atenção. Poucos se comunicam genuinamente, e muitos se manifestam como quem deposita fichas em um cassino para poder entrar à mesa de jogatina. Não há, muitas vezes, troca, diálogo ou mesmo reconhecimento de pertencimento à mesma discussão: oportunidade de falar, de aparecer, de arrebanhar "público" ou seja lá o que pode significar.


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Acompanho alguns poucos substacks de pessoas que gosto, mas fico um tanto triste quando chegam aqueles emails de 'notes': no começo do uso da plataforma, percebi que ela permite o uso como uma espécie de twitter-interno simulado e que a lógica de curtir/comentar o comentário que por sua vez divulga/publica o texto novo (e não necessariamente o texto) me deixou farto e deprimido. Já faço uso de uma rede social desse tipo, gosto do modelo. Mas uma já está de bom tamanho.


Já há para mim um lugar (para outras pessoas, muitos, inclusive) onde faço improvisação, clamo por atenção, busco diálogos, bato em campainhas, apareço sem avisar (trago bolo ou algumas long necks, sempre) e atendo pedidos do público (embora algumas canções peçam um pouco de ensaio e uma afinação diferente do cavaco).


A ideia não é redesocializar tudo. É ao contrário. Experimente. Dá. Até porque Deu, por mais tempo que o outro modelo, inclusive.


Então sigo aqui no meu show cronometrado, com um estilo bem diferente, para todo mundo e para ninguém que está assistindo na arquibancada.


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Fora que já tive blogs no início do milênio por tempo demais. Sei bem lidar com o comentarista franco atirador avô do reply guy, mas não sei se tenho saco para em mais de uma frente.


UM FILME: (pensei no disco antes) "As virgens suicidas", estreia da Sofia Coppola na direção de longas segue sendo seu melhor filme em minha opinião. Claro, o fenômeno pop de "Encontros e Desencontros" é muito mais marcante e digno de rodapé na história do cinema, mas eu gosto tanto desse, do tom da tragicidade do que vai acontecer, mas a todo tempo parece evitável - e não é. Amo. (E tem o disco!)

UM LIVRO: (estou com dois de literatura na agulha para começar em breve, mas no momento tenho estudado bastante. Vale dizer aqui fichamentos de Marcuse?)

UM DISCO: "The Virgin Suicides" é um disco da dupla francesa Air composto direta e exclusivamente para o filme de Coppola. Um amigo mandou um link dia desses sobre estar escutando Air e me deu vontade de escutar de novo esse. Fazia tempo que não ouvia. São temas curtos em geral, quase todos instrumentais, que são boa trilha para o ambiente


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